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segunda-feira, 26 de julho de 2010

   Foto de Arthur Omar: Antropologia da face gloriosa


Bacanal


Quero beber! Cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!


Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé Momo!

Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas do amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- vinhos!... o vinho que é o meu fraco!...
Evoé Baco!

O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!

A lira etérea, a grande lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Vênus!



Manuel Bandeira (1886-1968), Antologia Poética, Editora José Olympio.

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