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segunda-feira, 14 de junho de 2010


Foi dito por Paulo José que Um navio no espaço ou Ana Cristina Cesar poderia ser visto como uma louvação a obra da escritora Ana Cristina Cesar. No entanto, o espetáculo é mais que o culto a uma personalidade literária. Para além dos clichês e das fórmulas encontradas nas literatices teatrais atuais essa montagem incorpora a forma fragmentada da escrita da poeta em textos-colagens, construídos das sobras de um sujeito estilhaçado.
A atriz Ana Kutner, filha de Paulo José, é quem interpreta e narra a breve, mas intensa, trajetória de Ana Cristina César.
No cenário, o ato de escrever é reproduzido com videografismos e animações que recriam a forma como a poeta desenhava, datilografava ou rascunhava os seus textos transformando-os em uma espécie de palimpsesto. A inserção do audiovisual no espaço cênico proporciona ao público uma visão cubista do espetáculo.
A platéia se emociona com a atuação de Paulo José e com a trajetória da escritora em versos como:

Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos

Pergunto aqui se sou louca
Quem saberá dizer
Pergunto mais se sou são
E ainda mais, se sou eu.

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